

Eu Superior (Higher Self)

"Só aquilo que somos realmente tem o poder de nos curar"
Carl Jung
Na perspectiva da Core Energetics, o Eu Superior (Higher Self) diz respeito à realidade mais profunda que existe em cada ser humano. A partir dele, podemos experimentar a aceitação dos vários aspectos de nosso ser e nos conectarmos com a realidade de quem nós somos. Nesta dimensão acolhemos tudo aquilo que nos constitui, inclusive nossos defeitos e imperfeições. Esta atitude de receptividade conduz à unificação de nossas contradições e tensões internas. Ela é um “sim” para si mesmo que possibilita que elementos da personalidade aparentemente contraditórios sejam unificados e integrados. Neste estado, estamos além de nossas dualidades interiores e podemos estar presentes no aqui e agora de nossa experiência, dando permissão para aquilo que ela nos oferece.
É do eu superior que partem os impulsos primais por conexão e comunhão consigo mesmo, com o outro, com a vida, com a realidade. Ele é o centro, a essência, o núcleo, o cerne (Core) do nosso ser. Dele provém nossa expressão mais positiva e criativa: a força e poder positivos, a capacidade de amar e sentir prazer, a empatia, sensibilidade, compassividade, compreensão, inteligência, sabedoria, lucidez, serenidade, beleza e todos outros atributos positivos que vão além das convenções e expectativas sociais e pessoais.
Percebemos a conexão com o eu superior tanto em momentos excepcionais de expansão e prazer como, por exemplo, na criação artística, no êxtase sexual, em experiências espirituais, etc., quanto em momentos simples do cotidiano como, por exemplo, nos pequenos momentos de alegria e satisfação com a vida, naquelas relações em que podemos nos entregar com confiança, nos simples e genuínos gestos de gentileza e amorosidade, etc. A capacidade de manifestar nossos potenciais, dons e talentos seja em nossas relações íntimas, nas relações de amizades, no trabalho, etc. representa uma conexão com o eu superior nestas áreas específicas de nossas vidas. Como um rio que corre sem obstáculos, o eu superior é a expressão livre e direta daquilo que há de melhor em cada um.
Diante das dores e frustrações que a vida necessariamente nos impõe, todos nós perdemos em diferentes medidas boa parte da conexão que tínhamos com o eu superior durante a infância. Também perdemos desta forma, a capacidade de nos entregarmos com confiança ao fluxo da vida. A partir da cisão com nossa realidade mais profunda, começam a se instalar diversos mecanismos de defesa contra a dor. Sejam eles os aspectos negativos do eu inferior como o ódio, o medo, a necessidade de superioridade, etc. ou mesmo os mecanismos de disfarce da máscara que procuram apresentar um eu idealizado ao mundo exterior.
É muito comum que este eu de fachada composto por nossas máscaras seja confundido com o eu superior. Quando procuramos, forçadamente, nos identificarmos com a dimensão do eu superior, sem um devido reconhecimento da negatividade contida em nosso eu inferior, caímos necessariamente nas idealizações e exigências por perfeição de nossas máscaras. A diferença básica entre tais dimensões está nas intenções associadas a elas, que muitas vezes podem estar bastante camufladas. Por mais que, na aparência, a máscara seja constituída de nobres propósitos, sua intenção essencial é simular uma imagem, sem compromisso com sentimentos verdadeiros. Por isso, ela é forçada, exigente, se baseia em um “devo ser”. Por sua vez, a intencionalidade associada ao eu superior envolve a união, a expansão, à construção. Ele é espontâneo, autêntico, jamais é moralista, exigente ou perfeccionista. A expressão energética destas duas dimensões revela mais claramente tais diferenças. Quando estamos diante de pessoas que estão se expressando a partir de suas máscaras, experimentamos sensações de falta de vitalidade, energia. Por outro lado, conseguimos sentir a alta vibração daquelas pessoas que estão se expressando a partir de seu eu superior; percebemos a vitalidade, o prazer, a excitação contida nesta expressão.
A Core Energetics busca, em seu processo psicoterapêutico, o fortalecimento da conexão de cada cliente com o seu eu superior. Esta trajetória envolve tanto o afrouxamento dos disfarces e negações de nossas máscaras, quanto a coragem de admitir, atravessar e transformar a camada do eu inferior, comprometida com a separatividade e a destruição. Ao encaramos tudo aquilo que somos com realismo e honestidade, podemos abrir espaço para a parte de nós mesmos que diz “sim” para a conexão, para o amor, para o prazer.